Jorge conheceu Bruhma em uma cidadezinha do Interior, por acaso. Ele andava por lá visitando uns parentes e a viu, de relance, passando no outro lado da rua. Acompanhou-a com os olhos até onde deu. Foi embora, lamentando não a ter visto mais de perto. Depois, por coincidência, Jorge a encontra na igreja, por ocasião de uma cerimônia de batizado. Os dois saem ao mesmo tempo e se encontram na calçada. Param, olham-se, sorriem e se vão para destinos diferentes. Mais uma vez, Jorge lamenta, naquela ocasião estava com a esposa, e Bruhma, também, acompanhada.
Depois de algum tempo, encontram-se na Capital e, por conta deste encontro, em lugar tão distante dos primeiros, iniciam uma conversa. Resolvem almoçar juntos e descobrem que são casados, que têm filhos e, que naquele momento, vivem uma crise conjugal. Ela alega que o marido a sufoca, não permite que tenha independência, que se manifeste livremente. Ele diz que a esposa tem umas manias, certos pensamentos fixos, não esclarece nada, mas acaba dizendo que isto vem atrapalhando o casamento.
Desde então, passam a se encontrar com mais constância, e cada um dos encontros é marcado com hora e lugar determinado. Percebem que se aproximam um do outro, mas não põem dificuldade. Pelo contrário, abreviam os intervalos cada vez mais. Depois de algum tempo, resolvem romper com o casamento para ficarem juntos. Mas ficar juntos não significa viverem sob o mesmo teto. Vão planejando e, ao mesmo tempo, conhecendo-se melhor.
A vida de Jorge e Bruhma transforma-se numa espécie de romance em que tudo é feliz. Passeios, aventuras, brincadeiras e muito amor. Juras e promessas de futuro encantador. Amam-se de modo intenso. A cada dia descobrem mais afinidades e a necessidade que sentem, mutuamente, um do outro. Têm certeza de que nasceram um para o outro e não entendem por que estiveram tanto tempo casados com pessoas tão diferentes. De repente, uma novidade: aqui e acolá um dos filhos obriga que um encontro seja desmarcado. Eles se aborrecem, mas compreendem a situação.
Depois surgem outras novidades ainda mais desagradáveis: Jorge descobre que sua namorada anda saindo com o ex-marido. Não gosta, mas não pede explicações. Diz que entende que os dois têm filho e que não há motivo para se preocupar. Depois é Bruhma quem descobre que Jorge, a pretexto de realizar negócios e de ver o filho, de vez em quando viaja para a cidade em que mora sua ex-mulher.
A situação vai ficando complicada e cada vez fica mais difícil explicar o retorno ao passado. Cada um entende que a sua situação é perfeitamente compreensível, mas nega ao outro a mesma facilidade de compreensão. O certo é que as coisas se encaminham para o impasse e, num dado momento, se torna insustentável. Ocorre, então, o rompimento. Apesar de várias tentativas de conciliação e de reconstrução da história de amor, a relação vai se esgarçando e, finalmente, decidem que cada um deve seguir seu caminho. Tristeza profunda, choro e ranger de dentes.
Ainda muito machucados vão se abrigar no conforto do passado. Ela volta a considerar a corte e os agrados do ex-marido e ele volta a ser gentil e agradável com a ex-esposa. Alegam que há, na decisão pessoal, o desejo de reagrupar a família e atender aos desejos do filho que sempre sofreu com a separação. O ex-esposo revela-se um homem apaixonado e disposto a não repetir os erros do passado. Jorge garante a ex-esposa que tudo será diferente doravante. As famílias se reconstituem e parecem experimentar novos tempos de felicidade.
Bruhma gasta seu tempo entre o trabalho e a internet, quando está em casa. É sempre a última a ir para a cama. Mas diz viver uma felicidade nunca experimentada. Some do círculo de amizade e das noitadas com as amigas, mas garante que nunca foi tão feliz na vida.
Jorge entrega-se ao trabalho mais do que antes, para pensar o mínimo possível na situação, e investe seriamente na sua “nova” condição: marido e pai de família, embora cheio de dúvidas sobre o que sente por sua esposa.
Bruhma conhece Marcos na Internet, na sua timeline do twitter.
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