segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MATAR O TEMPO



Esta noite passada, vivi belos momentos de alegria na companhia de colegas de faculdade. Uma festa e tanto. Cheguei à minha casa às altas horas e,  de tão cansado, cai na cama e dormi quase antes mesmo de deitar-me completamente. Agora, a cabeça me dói e a boca mistura uma porção de gostos onde o amaro se destaca com certa agonia.
Ultimamente, venho experimentando repetidamente e com maior frequência estas sensações. Enquanto os sentimentos incômodos se sobressaem às outros, prometo não repetir mais os momentos que tem culminado com tais sensações. Uma espécie de arrependimento de não sei o quê. Um suor frio percorre a alma e o desânimo parece esvanecer o corpo.
E como não tenho conseguido cumprir as minhas promessas, resta-me um medo apavorante de não ter mais domínio sobre as minhas vontades, de não saber mais como controlar os meus desejos. Não compreendo por que no dia seguinte, lá estarei novamente junto ao mesmo grupo de pessoas, frequentando os mesmos lugares e tomando todas. Ocorre que até mesmo este medo justifica que eu não queira ficar sozinho com meus pensamentos, que precise beber mais um gole de cerveja e ficar acordado madrugada adentro.  Cair na cama e dormir de imediato parece justificar todas as coisas que tenho feito, embora a ressaca do dia seguinte faça parecer tudo inconseqüente e sem justificativa.
Eis-me aqui a curtir o mal estar da noite anterior. Um comprimido destes contra a sensação de embiaguez para o mundo para mim e o alimento quente acaba por aliviar-me do enjôo.
No trabalho, o PC conectado, vou navegando pelas redes sociais e curtindo os comentários e fotografias deixados como registro da esbórnia. As imagens e as postagens são pouco recomendáveis apesar de quase que completamente desfocadas. Em meio a tudo, logo surgem os convites para marcar os encontros para a agenda de hoje à noite. Recuso todos e, quando dou por mim, percebo que não produzi nada do que tinha que produzir no trabalho e a manhã está no seu limite.
Todos os colegas estão saindo pro almoço e eu fico um pouquinho mais para dar uma ou outra resposta a quem me solicitou alguma opinião e quando saiu, resta-me pouco tempo para almoçar. Faço um lanche rápido na padaria da esquina e retorno ainda com o sanduiche na mão,  para não chegar atrasado.
Enquanto tarde avança volto aos contatos da manhã e os convites recusados vão sendo reconsiderados um a um, vou revendo-os e firmando compromisso para logo mais. Aos que já não estão conectados eu envio um sms e, caso seja mesmo alguma daquelas pessoas indispensáveis, ligo do celular. Tudo confirmado, ninguém é besta para recusar um bom papo e ótimas companhias. Deste modo foi ontem, antes de ontem e assim por diante...
As pilhas de papel se acumulam sobre a minha mesa e vou adiando ler os processos, os deixo sempre para o dia seguinte. Mas, amanhã eu quero chegar mais cedo e rapidinho ver os que forem mais urgentes, não há mesmo nenhum caso complicado. Tudo coisa de rotina, concluo. Saiu dali para a noite que me aguarda, os melhores amigos do mundo, uma noite inteira disponível e a cidade querendo ser descoberta. Vamos a um bar que está sendo inaugurado na periferia. Pelo que eu soube, bebida e comida mais em conta por causa da inauguração. Vou conferir, mas prometo que hoje volto cedo para casa. Não quero repetir a noite de ontem, aliás, as noites dos dias anteriores. O melhor de tudo é esta noite me engolindo sem paradeiro.

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