domingo, 17 de junho de 2012

O AVESSO DO AVESSO



Sou sempre calmo, mas sempre prestes a explodir. Uma coisa que não tolero, por exemplo, é quem me fica trollando, como se me conhecesse e não sabe nada de mim. Não gosto de mimimi.
Outro dia, cheguei num barzinho para onde fui com a intenção de por o calor numa fria e, ao chegar lá, vi um grupo de amigos sentados em torno de uma mesa, no terraço. Lógico, fui cumprimentá-los na expectativa de entrar na conversa que, de longe, parecia animada, tipo oi, oi, oi.
No meio do povo estava lá um carinha muito metido, destes que sabem tudo, discute qualquer assunto com ar de professor. Mas, além disto, nada e nem ninguém, à exceção de si próprio, significa nada, tem qualquer valor. Foi me ver chegar e começar com suas trollagens. No começo, fiz de conta que não era comigo. Mas o troço foi ganhando corpo até que eu me irritei. Fui pra cima dele com os quatro pés. Os amigos evitaram o pior, não permitiram que fôssemos às vias de fato.
Ficamos ainda um bom tempo conversando e tirando onda com Deus e o mundo. O carinha, depois do acontecido, ficou meio amuado, de cara amarrada, aqui e acolá soltava suas pérolas. Quando metia o bedelho na conversa, surgiam olhares atravessados entre as gentes na mesa, mas de passagem. Logo se impunha a alegria à mesa. Ele ficou meio que isolado, com cara de anteontem.
Algum conhecido que passava na rua virava assunto, motivo de piadas e comentários, coisa amena e inocente, nada que depreciasse ou desmerecesse ninguém. Era só para não perder a oportunidade de recuperar as coisas que se contam a respeito de alguém ou as lembranças de experiências comuns. Sabe como é, numa mesa de bar, até velório é motivo de riso e o que se quer mesmo é alegria.
De repente, a bebida começa a fazer efeito e a cara de meme alegre do gozador da mesa volta a se empolgar, apresentando-se em memes diferentes, Do gozador a bêbado total, passando por bobo, sem noção e sem graça. A pose do carinha #fail.
Mas não foi só ele quem acessou o estágio de embriaguez total. Em cada um e vi a face da fragilidade, do riso descontrolado, da língua embolada, do falar sem nexo, em fim, da inconsciência e da inconsistência.
Eu nem tive tempo de beber nada, mantive-me sóbrio e a despeito da situação, também não me senti à vontade para interpretar todas as informações que chegavam para mim, aos borbotões.
Sai de lá quando todos já haviam tomado o caminho de casa, mas, apesar do adiantado da hora, aquela mesa foi remontada e desdobrada instantes depois, com a adesão de novos participantes, no Twitter e no Face.

Um comentário:

  1. Que maravilha ler seus textos! Me senti naquela mesa de bar, por um instante. Depois me dei conta do quanto sinto falta destes momentos...
    Meu querido Laerte és um grande escritor, continue levando a todos as suas bem colocadas palavras. Um forte abraço.
    Cristina

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