segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

MÃE E SOGRA



Entre perturbada e divertida com aquela situação, a noiva procurou saber primeiro de sua mãe o que estava acontecendo ali. A mãe pegou as mãos da filha e com ar meio choroso, começou agradecendo a Deus porque, afinal, tudo estava bem. A filha não entendeu nada e perguntou novamente por que estavam ali? Ninguém dizia nada, olhavam-na como se não acreditassem no que viam.
Aquela cena confusa foi-se complicando mais e mais. Logo, a mãe, ainda com a voz embargada, disse que veio até ali porque preocupara-se por conta do modo como haviam tomado a estrada, saíram daquela maneira, ainda de madrugada, uma viagem longa. Com tantas notícias ruins que tem visto na TV: acidentes com vítimas, imprudência de motoristas, assaltos... enfim, se ficasse em casa não estaria tranqüila. Em seguida, abraçaram-se longamente.
A filha, embora considerasse tudo aquilo um absurdo, parecia entender as preocupações da mãe, tratava-a com delicadeza, acariciando seus cabelos e olhando-a com carinho. Ficaram assim por bastante tempo, enquanto as outras pessoas assistiam paralisadas àquela cena pouco esclarecedora, mas muito significativa.
Em certo momento, o noivo interferiu para reclamar e para protestar contra os motivos apresentados. Nada justificava aquela invasão na intimidade do casal. A sogra começa a chorar e a maldizer a hora em que havia concordado em deixar que a filha casasse com aquele homem sem coração. repete várias vezes que a filha sempre tivera o desejo de casar porque muito cedo o pai largara a família, e tal desejo fizera com que não pudesse ter percebido a pessoa de coração duro que era aquele homem...
A filha ficou sem saber se tomava as dores da mãe ou se preservava o seu casamento. Pedia ao marido que poupasse a sua mãe, alegava que se tratava de uma mulher sofrida que tivera de criar três filhos sozinha. Além de tudo, era uma mulher de idade avançada, que sofria de pressão alta e poderia a qualquer momento sofrer um ataque cardíaco ou até mesmo um aneurisma cerebral.
Mas, em seguida, pedia a mãe que compreendesse a situação, afinal, estava casada, havia de ter intimidade com o marido, que a mãe não devia invadir daquele modo a sua privacidade, era a sua lua de mel. Pedia que retornasse a sua casa, que não se preocupasse, estava tudo bem e continuaria assim. Mas a mãe continuava a chorar loucamente, rogando a Deus que a tirasse dali, que a fulminasse com um raio. Antes morrer ali, naquele momento, do que suportar a ingratidão de sua filha querida, que sofrer com as acusações daquele genro desalmado.
O mais absurdo era que todas as outras pessoas continuavam ali, caladas, observando como se cada uma aguardasse a sua vez de também ostentar o drama interior que experimentava. Apenas observavam. Nenhuma expressão esboçavam, como se estátuas fossem. Em meio a este cenário, a mãe chorando cada vez mais alto. De repente, para de chorar. Aproxima-se da filha, toma as suas mãos e, olhando fixamente no seu rosto, diz com raiva: “você sabe que não pode mais engravidar, sofreu um aborto há pouco tempo, teve hemorragia, sangrou muito, quase morreu. Uma gravidez neste momento é quase que uma sentença de morte. Eu estou aqui para impedir que você faça alguma besteira, que faça estripulias com este seu marido insensato”.

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